Description:NOTA INTRODUTÓRIAEste artigo é, com alguns acrescentos no texto e numerosas notas adicionais, a comunicação que li no II Colloquium de Estudos Luso-Brasileiros, realizado em São Paulo (Brasil), de 12 a 18 de Setembro de 1954. Aguardei durante anos o aparecimento do volume das Actas, mas nunca foi publicado, assim como o Livro de Resumos das comunicações apresentadas, e não tenho conheci- mento de que se tivesse publicado um relato do Congresso em qualquer revista brasileira ou portuguesa.O Congresso, em que participei como Vogal da Direcção do então Instituto de Alta Cultura (hoje Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, do Ministério da Educação), abrangeu sete Secções, entre elas a de Língua e de Literatura.O assunto que expus despertou vivo interesse, o que esteve patente nas várias intervenções que se seguiram à minha exposição (que condensei em 25 minutos) e que se prolongaram para além do habitual, ultrapassando o tempo regulamentar. Houve algumas discordâncias relativamente a diversos pormenores, em especial as do professor brasileiro Serafim da Silva Neto (1), que tinha sido encarregado previamente de redigir o seu parecer. Antes de este vir a ser publicado na íntegra, no seu livro Ensaios de filologia portuguesa (São Paulo, 1956, p. 69-72), o autor ocupou-se da emigração de Portugal continental e dos Açores para o Brasil em dois artigos: Le portugais dans le Nouveau Monde (separ. da revista Orbis, Bulletin International de Documentation Linguistique, Louvain, tomo II, n.º 1, 1953, p. 143-156) e A língua portuguesa no Brasil (separ. da Revista de Portugal. Série A: Língua Portuguesa, Lisboa, vol XXV, 1960, 59 p. (2). Neste artigo Serafim Neto suprimiu, ou atenuou, afirmações que fez no artigo de Orbis, como sejam as duas seguintes: «Il est évident, cependant, que les Açoréens qui sont venus spontanément, n'ont pas exercé d'influence appréciable sur la prononciation normale brésilienne; elle ne leur doit rien; ils se sont fondus avec les trasmontanos, minhotos, alentejanos, algarvios, en un dénominateur commun». A frase «elle ne leur doit rien» desapareceu do artigo publicado na Revista de Portugal, p. 9. E na extensa nota 5 a essa mesma pág. 146 de Orbis escreveu: «Le Professeur Paiva Boléo a réalisé à Santa Catarina une enquête linguistique, mais il n'a pas encore publié les données complètes. Dans un bref rapport (3) il cite des influences açoréennes dans le langage de Rio Vermelho, mais les faits qu'il montre ne sont guère convainquants». Esta última frase também desapareceu do outro artigo (p. 9, nota 12), embora comente, a seguir, os exemplos que apresentei no citado opúsculo. E o seu Parecer (Ensaios, p. 77) termina com estas palavras, que me permito recordar: «A comunicação do Sr. Prof. Dr. Boléo honra este Colloquium. É trabalho consciencioso, que dignifica a Ciência, trazendo-lhe factos e sugestões, além da arma poderosa de um método tão seguro quanto eficiente. Já o dizia Hugo Schuchardt, tão caro ao Sr. Prof. Boléo e a mim próprio, que o progresso da Ciência consiste no aperfeiçoamento dos métodos. Recomendo, com toda a força de que sou capaz, a publicação desta magnifica tese, "pensada" e escrita por um homem a quem me acostumei a considerar mestre». Estou certo de que se ele ainda fosse vivo e lesse este artigo, seriam menos rígidas algumas das suas discordâncias iniciais, não só porque apresento, com todas as cautelas, um problema de carácter linguístico e histórico, mas também porque, para se chegar a conclusões seguras (como o digo adiante no texto), são necessárias novas investigações (4).Por ver que o assunto interessou a pessoas de variadas especialidades, e também porque desejava ouvir, e ler, mais comentários, adaptei a comunicação a uma lição e a uma conferência. A lição, com o título de "O português continental, em confronto com os falares dos Açores e com a língua portuguesa do Brasil", foi feita a estrangeiros do Curso Superior do 42.º (1966) e 49.º (1973) Curso de Férias da Faculdade de Letras de Coimbra, e repetida no 50.0 Curso de Férias, em Julho de 1974 (5). A conferência – aproveitando o convite de colegas estrangeiros e entidades oficiais para ir expor diversos temas linguisticos a que me tenho dedicado foi proferida nos seguintes países:Em Angola (nessa altura província ultramarina portuguesa), em 12 de Setembro de 1958, na cidade de Sá da Bandeira, aonde fui presidir à vigilância das provas escritas (no Ultramar não havia então provas orais) dos exames de aptidão à Universidade. Graças à inteligente compreensão das autoridades administrativas, que me concederam algumas facilidades de transporte, pude passar uns breves dias-muito instrutivos para mim, sob vários aspectos – na Humpata, povoação colonizada por madeirenses, e na Palanca, de colonização preferentemente trasmontana.Na Espanha, em Novembro de 1960, numa sala do Consejo Superior de Investigaciones Científicas, de Madrid, para um público bastante interessado;Na Alemanha (falan...We have made it easy for you to find a PDF Ebooks without any digging. And by having access to our ebooks online or by storing it on your computer, you have convenient answers with A Língua Portuguesa do Continente, dos Açores e do Brasil: Problemas de colonização e povoamento. To get started finding A Língua Portuguesa do Continente, dos Açores e do Brasil: Problemas de colonização e povoamento, you are right to find our website which has a comprehensive collection of manuals listed. Our library is the biggest of these that have literally hundreds of thousands of different products represented.
Pages
62
Format
PDF, EPUB & Kindle Edition
Publisher
Separata da Revista Portuguesa de Filologia, Vol. XVIII – Instituto de Língua e Literatura Portugues
Release
1983
ISBN
A Língua Portuguesa do Continente, dos Açores e do Brasil: Problemas de colonização e povoamento
Description: NOTA INTRODUTÓRIAEste artigo é, com alguns acrescentos no texto e numerosas notas adicionais, a comunicação que li no II Colloquium de Estudos Luso-Brasileiros, realizado em São Paulo (Brasil), de 12 a 18 de Setembro de 1954. Aguardei durante anos o aparecimento do volume das Actas, mas nunca foi publicado, assim como o Livro de Resumos das comunicações apresentadas, e não tenho conheci- mento de que se tivesse publicado um relato do Congresso em qualquer revista brasileira ou portuguesa.O Congresso, em que participei como Vogal da Direcção do então Instituto de Alta Cultura (hoje Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, do Ministério da Educação), abrangeu sete Secções, entre elas a de Língua e de Literatura.O assunto que expus despertou vivo interesse, o que esteve patente nas várias intervenções que se seguiram à minha exposição (que condensei em 25 minutos) e que se prolongaram para além do habitual, ultrapassando o tempo regulamentar. Houve algumas discordâncias relativamente a diversos pormenores, em especial as do professor brasileiro Serafim da Silva Neto (1), que tinha sido encarregado previamente de redigir o seu parecer. Antes de este vir a ser publicado na íntegra, no seu livro Ensaios de filologia portuguesa (São Paulo, 1956, p. 69-72), o autor ocupou-se da emigração de Portugal continental e dos Açores para o Brasil em dois artigos: Le portugais dans le Nouveau Monde (separ. da revista Orbis, Bulletin International de Documentation Linguistique, Louvain, tomo II, n.º 1, 1953, p. 143-156) e A língua portuguesa no Brasil (separ. da Revista de Portugal. Série A: Língua Portuguesa, Lisboa, vol XXV, 1960, 59 p. (2). Neste artigo Serafim Neto suprimiu, ou atenuou, afirmações que fez no artigo de Orbis, como sejam as duas seguintes: «Il est évident, cependant, que les Açoréens qui sont venus spontanément, n'ont pas exercé d'influence appréciable sur la prononciation normale brésilienne; elle ne leur doit rien; ils se sont fondus avec les trasmontanos, minhotos, alentejanos, algarvios, en un dénominateur commun». A frase «elle ne leur doit rien» desapareceu do artigo publicado na Revista de Portugal, p. 9. E na extensa nota 5 a essa mesma pág. 146 de Orbis escreveu: «Le Professeur Paiva Boléo a réalisé à Santa Catarina une enquête linguistique, mais il n'a pas encore publié les données complètes. Dans un bref rapport (3) il cite des influences açoréennes dans le langage de Rio Vermelho, mais les faits qu'il montre ne sont guère convainquants». Esta última frase também desapareceu do outro artigo (p. 9, nota 12), embora comente, a seguir, os exemplos que apresentei no citado opúsculo. E o seu Parecer (Ensaios, p. 77) termina com estas palavras, que me permito recordar: «A comunicação do Sr. Prof. Dr. Boléo honra este Colloquium. É trabalho consciencioso, que dignifica a Ciência, trazendo-lhe factos e sugestões, além da arma poderosa de um método tão seguro quanto eficiente. Já o dizia Hugo Schuchardt, tão caro ao Sr. Prof. Boléo e a mim próprio, que o progresso da Ciência consiste no aperfeiçoamento dos métodos. Recomendo, com toda a força de que sou capaz, a publicação desta magnifica tese, "pensada" e escrita por um homem a quem me acostumei a considerar mestre». Estou certo de que se ele ainda fosse vivo e lesse este artigo, seriam menos rígidas algumas das suas discordâncias iniciais, não só porque apresento, com todas as cautelas, um problema de carácter linguístico e histórico, mas também porque, para se chegar a conclusões seguras (como o digo adiante no texto), são necessárias novas investigações (4).Por ver que o assunto interessou a pessoas de variadas especialidades, e também porque desejava ouvir, e ler, mais comentários, adaptei a comunicação a uma lição e a uma conferência. A lição, com o título de "O português continental, em confronto com os falares dos Açores e com a língua portuguesa do Brasil", foi feita a estrangeiros do Curso Superior do 42.º (1966) e 49.º (1973) Curso de Férias da Faculdade de Letras de Coimbra, e repetida no 50.0 Curso de Férias, em Julho de 1974 (5). A conferência – aproveitando o convite de colegas estrangeiros e entidades oficiais para ir expor diversos temas linguisticos a que me tenho dedicado foi proferida nos seguintes países:Em Angola (nessa altura província ultramarina portuguesa), em 12 de Setembro de 1958, na cidade de Sá da Bandeira, aonde fui presidir à vigilância das provas escritas (no Ultramar não havia então provas orais) dos exames de aptidão à Universidade. Graças à inteligente compreensão das autoridades administrativas, que me concederam algumas facilidades de transporte, pude passar uns breves dias-muito instrutivos para mim, sob vários aspectos – na Humpata, povoação colonizada por madeirenses, e na Palanca, de colonização preferentemente trasmontana.Na Espanha, em Novembro de 1960, numa sala do Consejo Superior de Investigaciones Científicas, de Madrid, para um público bastante interessado;Na Alemanha (falan...We have made it easy for you to find a PDF Ebooks without any digging. And by having access to our ebooks online or by storing it on your computer, you have convenient answers with A Língua Portuguesa do Continente, dos Açores e do Brasil: Problemas de colonização e povoamento. To get started finding A Língua Portuguesa do Continente, dos Açores e do Brasil: Problemas de colonização e povoamento, you are right to find our website which has a comprehensive collection of manuals listed. Our library is the biggest of these that have literally hundreds of thousands of different products represented.
Pages
62
Format
PDF, EPUB & Kindle Edition
Publisher
Separata da Revista Portuguesa de Filologia, Vol. XVIII – Instituto de Língua e Literatura Portugues